Minha vida é como um livro. Bem simples: capa vermelha, páginas já meio amassadas.A única coisa que o diferencia de outro livro qualquer é aquela caneta desenhada na capa. É que eu gosto de canetas. Elas estão sempre disponíveis e são as melhores aliadas na hora de escrever uma história.
Claro, a história dentro do livro também é diferente das outras. É a única escrita por mim. Algumas pessoas contribuíram, e eu agradeço muito a elas. Mas revisão dos capítulos sempre foi feita por mim. No fim de tudo eu sempre estava sozinha, escrevendo a minha única história.
De repente, começou a ficar difícil. Ficar sozinha com a caneta no fim do dia se tornou insuportável. Talvez eu precise de alguém pra escrever essa história comigo.
Talvez eu precise de você no final do dia.
-Little Miss Sunshine
(na quarta, como prometido)
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
As páginas em branco
Postado por abandonados e cia às 14:59 1 comentários
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Os filhos deste mundo
Vejo anjos nas ruas
com asas roubadas
entre outras quebradas
que desaprenderam a voar
Na selva de concreto
reviram becos por alimento
infiel sustento
até mais um dia repousar
Assim vem a frensi
com choros e prantos
imaculados cantos
que passam sem me notar
Salgam as ruas
com gotas ardidas
escorrem por sarnas
cauterizam feridas
Decerto, profunda tormenta
brota das margens das ruas
sem que você perceba
que as próximas asas roubadas
serão as suas
-Liesel Meminger
Postado por -Liesel Meminger às 21:01 1 comentários
domingo, 10 de janeiro de 2010
De novo, o velho
Lá estava ela. Sentia as gotas baterem no seu rosto e escorrerem, se misturando com o resto da água que a enxarcava. Ela prestava atenção no seu corpo, o sangue pulsando, o contato com a grama macia, o cabelo grudado na testa. Apesar de todo o barulho da chuva, era como se não escutasse nada. Estava em paz. Em paz dentro de si. A água passava por ela e ia limpando sua mente e seu espírito. Afinal, ela compreendia. Seus medos, preocupações e angústias se esvaíam, acompanhadas pela pureza da chuva.
Ela não conseguia parar de se perguntar como nunca tinha feito isso. Definitivamente essa era mais uma das suas resoluções de ano novo. Ela anotaria no seu caderno de capa preta assim que saísse dali. Precisava que essa sensação fosse mais presente na sua vida.
Subitamente, ela fez o que não fazia há muito tempo: riu sozinha. Riu de si mesmo, do esforço que fez pare se lembrar como sorrir. Riu de estar ali, sozinha, molhada e feliz. Riu do som que sua risada tinha, um barulho arranhado, desgastado pela falta de uso. Em suma, riu porque sentia falta da sensação.
-Little Miss Sunshine
Postado por abandonados e cia às 11:18 1 comentários
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Para mim
Ela tentou escrever mais, mas tudo parecia ser dito para si mesma. Na falha tentativa de uma carta para ele, escreve uma carta de adeus para alguém que cansou de ser. Um ser humano ferido pelo tempo com cicatrizes que contariam histórias que só recordam ela dos tempos em que era capaz de amar.
Postado por -Liesel Meminger às 22:52 1 comentários