"Ela admirava as gotículas de chuva baterem contra o vidro com tanta reverência! Como se aqueles pedacinhos de água fossem a coisa mais preciosa do mundo. “Elas caem do céu, algo que vem de um lugar tão distante e apesar de tudo continua tão belo, merece respeito, não merece?” Me respondeu depois quando a interroguei sobre sua fixação por uma coisa tão mundana quanto a chuva. Ela também amava o céu. Mas não mais do que amava suas gotinhas preciosas. Não, ela não dava preferência entre seus amores. Nem os prendia para si. Compartilhava com o mundo. Henrietta me deixou curioso desde o começo, se deixou. Ela não era igual a nada nesse mundo,e ao mesmo tempo ela era tudo. Como se cada gota e cada flor estivesse presente no seu ser.
- O céu está tão bonito! – Foi a primeira coisa que me disse. Talvez não tenha me dito exatamente. Acho presunçoso da minha parte assumir que esse belo suspiro maravilhado não aconteceria sem a minha presença. Ela foi e sempre será pra mim como um acontecimento da natureza.
- Está nublado, não dá para ver nada. – Respondi nada perceptivo. O céu nublado não era nada bonito pra mim. Mas para ela era. Para Henrietta todo céu era belo de seu próprio jeito.
- Essa é a parte boa, deixa sua imaginação correr solta. – Respondeu inocentemente, sem saber que acabara de me deixar boquiaberto. E foi bem ai, nessa afirmação inofensiva que eu percebi que assim como todos os elementos da natureza, meu coração pertencia a Henrietta."
- Alice Liddell
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Ao cair da chuva
Postado por abandonados e cia às 05:44
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