domingo, 27 de dezembro de 2009

revelações matutinas

Por tanto tempo eu me tranquei no meu quarto, que cheguei a esquecer da existência das janelas. Dias que eram noites na falsa ilusão das lâmpadas incandescentes que já não aglomeram mais bichinhos de luz. Pobres bichinhos, fixam seus olhos no irreal e esquecem de viver. Vivem em função dessa luz que uma hora os consome. Mas algo me chamava a atenção, mais do que a filosofia de vida dos bichinhos até, era aquela janela. Ordinária, que deixaria de se abrir por causa do medo de um sopro de vento, que desconcertasse o quarto todo. Janela que não deixa a luz entrar, que prefere viver com lâmpadas do que com o sol. Janela que faz todo dia ser noite pelo receio do meu rosto ser banhado pelos raios de sol. Mas eu sei que lá fora é noite também, deve ser...Tem que ser. A angustia se apoderou de mim, maldita angustia! Na vã espera de um rastro de luz meço cada centímetro da janela, deve conter alguma falha. Imbecil desespero por uma carícia do possível vento.
Bastou que eu a tocasse da maneira certa, ela assim se abre. Raios de luz cegam os meus olhos antes vendados e a brisa leve da manhã conforta meu colo, me segura em teus braços e me diz que tudo vai ficar bem. Assombro para mim, que cheguei a acreditar que o sol havia sido roubado pelo amor...

- Liesel Meminger

1 comentários:

Unknown disse...

desse eu gostei :)